quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Pesquisadora taquarense descobre espécie de alga em expedição no Pará

A bióloga taquarense Ana Luiza Burliga Miranda, que hoje mora em Santa Catarina, participou em fevereiro de 2004 de uma expedição na região de Bacarena, no Pará, sob encomenda da Companhia Vale do Rio Doce. Na oportunidade, foi revelada a existência de uma nova espécie de alga microscópica. Batizada de Eunotia ariengae, a espécie é agora estudada a fim de constar nos protocolos nacionais para determinar a qualidade dos cursos d’água.

Ana Luiza acredita que esta microalga é endêmica das áreas tropicais, e talvez só seja registrada na Amazônia. O nome dela é, inclusive, uma homenagem ao igarapé onde foi encontrada. Conhecido como Arienga, o igarapé tem águas ácidas e com baixa condutividade elétrica. “É uma alga muito pequenininha, mas quando se junta a outras pode ser vista a olho nu”, conta ela. “Durante a coleta de amostras do igarapé, percebi alguns tufos amarronzados presos às rochas e decidi pegá-los, pois já desconfiava tratar-se de uma nova espécie”, afirma.

A bióloga analisou a nova alga em microscópio e constatou que realmente as formas vistas não coincidiam com nenhuma das outras já descritas pela ciência. Além disso, segundo Ana Luiza, ao contrário de outras algas, que preferem ficar em lugares bem iluminados, a nova alga foi encontrada na sombra. A microalga foi incluída no grupo das diatomáceas, que têm como particularidade um revestimento de sílica. Entre as características observadas na nova alga, que a diferenciam das outras, estão os canais de mucilagem, composto viscoso usado para a fixação da planta. “A microalga está na base da cadeia alimentar. Provavelmente a nova espécie serve de alimentos a uma série de peixes, tanto onívoros quanto os que só se alimentam de algas”, diz Ana Luiza. Os detalhes sobre a nova espécie foram descritos no períodico científico Diatom Research.

Ana Luiza viveu em Taquara até a sua adolescência, e há quatro anos ela mora em Balneário Camboriú, onde atua como professora e pesquisadora da Univali. “Minha linha de pesquisa principal é estudar a aplicação destas microalgas como indicadores de qualidade da água. Sua presença e abundância servem como bio-indicadores de qualidade ambiental”, afirma. Ana é bióloga formada pela PUC-RS e tem também mestrado e doutorado em Ecologia pela UFRGS. Sua mãe, Marlene Lore Burliga Miranda, reside em Taquara, e seu pai, o médico José Gaspar Chaves Miranda. já é falecido. Ela tem duas irmãs: Ana Cristina, que atualmente mora em Santa Catarina, e a arquiteta Ana Lore Burliga Miranda, que também mora em Taquara.

A bióloga aproveita a visibilidade conquistada com a descoberta da nova alga, para criticar os investimentos em pesquisa básica no Brasil. “São poucos os investimentos ainda no Brasil. Para se falar em conservação, devemos primeiro conhecer bem nossa biodiversidade. E, para isso, é preciso que as agências de fomento dêem mais recursos para a pesquisa básica”, afirma.

Nenhum comentário: